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sábado, novembro 23, 2013

Trinta anos, para sempre (um texto para flamenguistas)

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*Por Arnaldo Neto

Eram dois rubro-negros.

Pai e filho.

O pai já nos seus cinquenta e tal, viveu a época áurea do Mais Querido.

Libertadores, Mundial, hegemonia brasileira e tudo mais.

Não se cansava de contar ao filho as fábulas do distante dia 13 de Dezembro de 81, que está completando 30 anos.

O filho se perguntava, incrédulo, como pode alguém que viveu tantas glórias ainda ter paixão por um time que não anda tão bem das pernas.

O filho, com 20 e poucos, é da geração do Tri do Pet e do Hexa 2009.

O pai se questiona frequentemente, como pode um jovem adulto que sequer viu Zico, o maior de todos, ter tamanha devoção pelo rubro-negro.

Até que no dia 6 de Dezembro de 2009, tudo ficou muito claro.

Apito final no Maraca e o Flamengo se sagrava hexa campeão nacional após 17 anos na fila.

Ambos, pai e filho, foram às lágrimas, até que o primogênito resolveu tirar a dúvida de uma vez por todas:

- Pai, você viu o Zico, viu o Mundial, cinco brasileiros, por que você tá chorando?

A resposta veio rápida:

- Porque esse eu vi com você.

E assim o pranto se intensificou e durou tanto tempo quanto o carnaval que tomou conta da cidade.

Hoje, 30 anos após a maior conquista de Tóquio, ambos comemoram a data com igual intensidade.

O pai, com a esperança de ver tamanha façanha novamente, dessa vez ao lado do herdeiro.

O filho, que mesmo só tendo nascido anos após 1981,compreende toda a importância do aniversário devido ao brilho nos olhos do Pai.

Como em uma religião, não é preciso ver para crer.

Por isso, o Flamengo é eterno.

Os títulos podem parar de vir com tanta frequência.

Nada vai mudar.

Porque o amor é passado de geração em geração, como um bem ainda maior do que a imensa sala de troféus da Gávea.

Ver o Flamengo campeão, ao lado de quem te deu essa herança, transcende as façanhas de dentro das quatro linhas.

O dia de hoje, muito mais do que o aniversário da vitória contra o Liverpool, comemora o início de um legado tão eterno quanto o amor entre pai e filho.

Trinta anos é muito pouco. O Mundial é para sempre.

*Arnaldo Neto, na foto aos 3 meses de idade com a camisa dada pelo pai, tem 23 anos e é responsável pela coluna Pop Up, no iLanHouse

(Colaborou Yuri Castello Branco)

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