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quarta-feira, julho 17, 2013

Por memórias e almas mais vivas (@Cortezolli)

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Biblioteca da Universidade da Região da Campanha (Urcamp) às 15h de uma segunda-feira - Foto: Hellen Cortezolli
Quando alguém vai embora de vez... Quando inevitavelmente a ficha cai que não veremos mais aquela pessoa, percebemos o quão ínfimo somos.

Há os que em vida buscam fazer a diferença, porém, certa tarde, buscava informações de uma dessas pessoas responsáveis por fazer a tal diferença na cidade onde resido. Fui diretamente à biblioteca da faculdade fundada por ele...

Me surpreendeu não só o descaso com o espaço físico, o abandono, a falta de tato, mas o descuido intelectual. Quem era afinal o “fulado” pelo qual tive interesse? A bibliotecária aprovisionada da má vontade, que infelizmente a profissão é famigerada, chegou a sugerir outro nome, como se eu não soubesse quem era a figura em questão. Vestida de uma paciência que não me é peculiar, respirei fundo e insisti.

Ela então, se deu conta de que eu sabia de quem se tratava, ora, ele era o fundador do lugar para o qual ela levanta da cama, se arrumava, tomava seu café, usava o transporte e se dirigia todos os dias durante não faço ideia do tempo, mas que ela chamava de trabalho, ofício, pão de cada dia...

Triste fim este de não ser ninguém, tendo sido de fato.
Hoje novamente um desses episódios penosos, porém, legitimistas, onde compreendemos que apesar de ser quem somos, não constituímos nada além de pó. A memória permanecerá aos que dela dependerem diretamente, aos que o amaram somente. Mais coisa nenhuma. Com o tempo tudo desaparece.

Obviamente que nos apegamos às nossas crenças, a elas cabe o intento de amenizar a ausência insubstituível. Ao contrário do que dizemos diariamente, munidos da praticidade, dinâmica e tomada de decisões. Ninguém o é, mas aos vivos resta a lembrança, enquanto forem capazes de usar a consciência e os próprios sentimentos.

Tão frias e clichês são as palavras de lamento, ou condolências que tentamos expressar quando alguém nos confessa a morte de outro alguém que lhes foi caro. Eu costumo me calar e se possível lhe conceder um pouco de calor humano, mesmo que a tentativa seja fracassada de dizer:

 “Pode contar comigo pelo menos para ouvi-lo quando quiser falar, isso sei fazer”.

Oferecer apoio parece tão pouco para mim, quando vejo o sofrimento aparecer de todas as formas, raiva, soluço, silêncio, dor... Mas, para quem o recebe é fundamental. E quando tenho pressa algumas pessoas tendem a dizer que há tempo.Que tempo? Quanto tempo? Por quanto tempo haverá esse tempo de que falam?
Quando se derem conta já não haverá mais.

Hellen Cortezolli

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