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terça-feira, janeiro 07, 2014

Há 18 anos, morreu João Espíndola Tavares, meu avô

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Há exatos 18 anos, em 7 de janeiro de 1996, por volta das 18h30minh de um domingo, morreu, aos 69 anos, João Espíndola Tavares, meu avô paterno. Espíndola, como era conhecido em Macapá, foi delegado, diretor da Penitenciaria Agrícola do Estado (hoje Iapen), entre tantos outros cargos públicos. Um pioneiro da capital amapaense. Um homem de quem tenho a honra de descender.

Ele nasceu em 27 de janeiro de 1927, filho de Gracindo Nelson Espíndola e Raimunda Emiliana Espíndola, na Região do Alto Maracá, no Sítio Bom Jesus, uma região de difícil acesso, no município de Mazagão.

Vovô também foi prefeito de Mazagão, onde se casou com a minha amada avó, Perolina Penha Tavares. Lá nasceram o meu pai, José Penha Tavares e meus tios, Maria Conceição Penha Tavares e Pedro Aurélio Penha Tavares. João era um visionário doméstico, pois resolveu vir morar na capital para que os filhos tivessem acesso à educação.

Em Mazagão, seu patrimônio era relativamente grande para um interiorano da década de 40. Entre os bens, estavam galpões para a armazenagem de Castanha do Pará, barco com motor de popa e motor de energia elétrica, que abastecia a vila de moradores da propriedade.

Já em Macapá, nasceram os filhos Maria do Socorro Penha Tavares e Paulo Roberto Penha Tavares. Com força de vontade e determinação, Espíndola também conseguiu sorver conhecimento e concluiu o segundo grau (hoje ensino médio) na Escola Gabriel Almeida Café.

Além do sucesso no campo profissional e pessoal, João Espíndola foi um estudioso da filosofia maçônica. Vovô atingiu o ponto alto da nobre ordem, o “Grau 33”. Ele foi muito respeitado pelos membros da augusta arte real. Vovô foi um dos amapaenses presos injustamente, durante o golpe militar de 1964, mas provou sua inocência com altivez e retomou sua gloriosa vida.

Uma curiosidade sobre o velho João era que, diversas pessoas o procuravam em sua residência, no centro de Macapá, em busca de conselhos. Eram ricos, pobres, brancos, negros, de diferentes posicionamentos políticos e religiosos. Às vezes, ele nem falava nada, só escutava o desabafo daqueles homens, que já saiam do muro das lamentações (apelido dado a uma área ao lado da casa, pelos seus filhos), de alma aliviada.

Pouco antes de seu falecimento, Espíndola vivia um bom momento. Havia criado os filhos com sucesso, tinha uma bela casa, uma família unida e era respeitado no Estado. Ao envelhecer, o pátrio poder deixou de existir, tornou-se um grande amigo de seus filhos.

Em uma ocasião, durante um festejo em sua residência, João agradeceu sua mulher por todos os anos de dedicação. Disse-lhe, em frente a familiares e amigos, que devia muito a ela pelo grande homem que se tornou. Sou tão fascinado pela trajetória de meu avô, que o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de jornalismo foi sobre sua história. 

Nosso patriarca partiu para a outra vida vítima de um acidente automobilístico, na zona Sul de Macapá. Ele dizia que gostaria de morrer “pulando” e assim aconteceu.

Cerca de 500 pessoas foram ao seu funeral, dentre elas, secretários de Governo, políticos, empresários e cidadãos comuns, pois apesar de frequentar a alta roda da sociedade amapaense, Espíndola não tinha comportamento elitista, era amigo de “peões” e “doutores”, tratando-os da mesma maneira.

O vô sempre foi sincero, íntegro, carinhoso, especial, atencioso, cauteloso, cordial, caloroso, honesto, qualificado, contemporizador e fascinante. Em nota, a Maçonaria divulgou: “Durante sua estada entre nós, sempre foi ativo colaborador e possuidor de um elevado amor fraterno”.

A história deste homem, que foi uma das figuras mais populares do município de Mazagão e da cidade de Macapá, é de uma magnitude e nobreza, que até parece uma obra de ficção. Ele não foi perfeito, mas, com toda certeza, foi um grande exemplo de pai, cidadão e ser humano. Tenho orgulho de ser o mais velho dos seus nove netos. Saudades eternas!

Elton Tavares

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