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quinta-feira, dezembro 02, 2010

Sou uma anamorfose ambulante!

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Noites dessas, por sinal muito divertida, eu e alguns amigos conversávamos, no Bar Norte das Águas, sobre sermos as “ovelhas negras” de nossas respectivas famílias. Em um momento brilhante, minha amiga e mestra em Psicologia, Janisse Carvalho disse: “Nós somos anamorfoses”. Claro que nenhum de nós entendeu o significado do termo. Leiam o texto:

Janisse Carvalho e meu irmão, Emerson Tavares.

Sou uma anamorfose ambulante!

                                                                                    Por Janisse Carvalho

Uma anamorfose (do grego anamorphosis) é uma imagem deformada que aparece em sua verdadeira forma quando visto em alguns “não convencionais” caminhos. É a representação de uma figura (objeto, cena etc) de maneira que observada frontalmente parece distorcida ou mesmo irreconhecível, tornando-se legível quando vista de um determinado ângulo, a certa distância, ou ainda com o uso de lentes especiais ou de um espelho curvo.

As anamorfoses sociais têm sido estudadas pela psicologia social,o professor Antonio da Costa Ciampa, da Universidade de São Paulo (USP) compara o conceito que vem das artes visuais com as chamadas personas non gratas de nossa sociedade, os marginais. Aqueles que burlam as regras!

Uma anamorfose se diferencia do comportamento corrupto, pois este é carregado de mau-caratismo e se caracteriza em querer se dar bem em cima dos outros. As anamorfoses são almas transgressoras que, segundo rabino Nilton Bonder, líder espiritual da Congregação Judaica do Brasil e autor do livro Alma Imoral, são necessárias para evolução do mundo.

Em sua obra, Bonder compara o sujeito que deu o primeiro passo diante do Mar Vermelho como um transgressor. Ou seja, uma anamorfose é o sujeito que por não concordar, consciente ou inconscientemente, com o que lhe é imposto, com aquilo que o oprime de alguma maneira, transgride!

Eu diria que pessoas, consideradas “loucas” por muitos, em suas respectivas épocas eram anamorfoses. Ícones como Van Gogh, Pablo Picasso, Raul Seixas, Janis Joplin, Jimmy Hendrix, Freud, Chico Xavier, Nietzsche, Jesus, etc. O problema não está em cometer erros, está em não compreender os sentidos que estes mesmos erros podem alcançar e significar para sociedade o que está por trás deles. Anamorfose é, no final das contas, outra forma de dizer a verdade! Por isso são, na sua grande maioria, incompreendidas.

Diante da explicação de Janis (como chamamos nossa ilustre e inteligente amiga), brindamos a nossa saúde, as ovelhas negras ou melhor, anamorfoses. Daí, o resto da noite foi regado a dezenas de boêmias bem geladas e muitos outros assuntos interessantes, como sempre. É por essas e outras que adoro essa galera.

Como eu e todos que enriqueceram seus conhecimentos naquela mesa de bar gostamos muito de rock and roll, encerro este post com a música “Ovelha Negra”, da brilhante Rita Lee, que também poderia ser chamada de “Anamorfose”. Valeu Janis, grande beijo!

Elton Tavares

Ovelha Negra – Rita Lee

Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra e água fresca
Meu Deus quanto tempo eu passei
Sem saber
Foi quando meu pai me disse filha
Você é a ovelha negra da família
Agora é hora de você assumir
E sumir
Baby baby
Não adianta chamar, oh não
Quando alguém está perdido
Procurando se encontrar
Baby baby
Não vale a pena esperar, oh não
Tire isso da cabeça
Ponha o resto no lugar
Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra e água fresca
Meu Deus quanto tempo eu passei
Sem saber
Foi quando meu pai me disse filha
Você é a ovelha negra da família
Agora é hora de você assumir
E sumir
Baby baby
Não adianta chamar, oh não
Quando alguém está perdido
Procurando se encontrar
Baby baby
Não vale a pena esperar, oh não
Tire isso da cabeça
Ponha o resto no lugar

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