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segunda-feira, dezembro 20, 2010

Os Fé da Puta

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Eu odeio fé inconveniente.Sempre achei que Deus e Jesus (além de todos aqueles santos que o Vaticano arrumou pra terceirizar o serviço) eram caras ocupados. Assim sendo, nunca entendi/aceitei muito bem essa história de rezar por qualquer amenidade. A fé é a última estância. O recurso ao qual você recorre quando a coisa tá preta, quando os contratempos que lhe afligem estão humanamente além da sua capacidade de resolução.

Você reza quando fica preso nas ferragens do carro depois de enfiar o veículo debaixo de um caminhão de vaselina ou quando descobre que vai ter que fazer sua vasectomia pelo SUS.Eu atribuo um significado quase arcano às orações.

Justamente por isso, me ofende quando alguém me diz que vai fazer novena pra Nossa Senhora pedindo pra arrumar marido. Nossa Senhora, seja dela de Fátima, Aparecida, Guadalupe ou de qualquer outra caixa postal pra onde você remeta suas preces, está sobrecarregada, coitada. Nesse exato momento, por exemplo, ela deve estar iluminando algum piloto de avião da ONU, pro imbecil não liberar a carga de mantimentos e remédios destinada à África dentro duma porra dum rio. Acho que zelar por algum caipira suicida montado em cima dum touro numa arena de rodeio não é exatamente uma das prioridades dela...

Apesar de não ser nenhum pouco fã de religiões, seitas e afins, sou muito favorável à religiosidade, que é a crença quase pessoal e intimista em algo ou alguém que transcenda o plano físico, resumindo em poucas palavras. E uma das premissas que regem a fé, de um modo geral, é justamente a idéia de igualdade entre os crentes. A proposta universal quase sempre é não privilegiar uns em detrimento de outros.

Então, como é que nego tem a cara de pau de rezar pra ganhar na Mega Sena? Ou pra conseguir subir de cargo no escritório, às custas do emprego de alguém? Acho isso o fim! Imoralidade ecumênica. Quer vantagens sobre seus semelhantes? Procure um deus separatista nas páginas amarelas e ore pra ele. A meu ver, não é esse o propósito da reza.

E o mais revoltante nisso tudo é que as pessoas mais religiosas (e de almas mais imaculadas, em teoria) são as que mais enchem o saco divino à toa. Os caras que creditam feitos inimagináveis a Deus e cia são os mesmos caras que desmerecem esses mesmos feitos, usando exaustivamente - e de forma supérflua - a idéia de pedir graças. Meu ponto é: tá com dor-de-cabeça? Toma uma Aspirina primeiro, cacete. DEPOIS, se não funcionar, aí sim vai pentelhar o Criador e pedir pra Ele resolver seus problemas. Esse negócio de muleta espiritual me tira do sério.

Por isso eu sempre digo: o Céu devia ter um 0300. Aí o povo só ia entrar em contato com o Homi quando fosse realmente necessário.

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